Na nossa sala temos um menino com Necessidades Educativas Especiais, o Zé Maria.
O Zé Maria é um menino de que todos gostamos muito, e que tanto na sala de aula como em toda a escola é muito acarinhado. É o nosso Zé Maria.
Como não temos trabalhos de escrita do Zé Maria para publicar no nosso blogue, tomámos a liberdade de publicar este texto que foi escrito pela sua irmã mais velha e que a mãe do Zé nos trouxe para ser lido na turma.
Apaixonei-me!
Foi no dia 28 de Maio de 1996 que tudo começou.
Tinha eu apenas 20 meses, quando o meu irmão nasceu. Nunca pensei que a minha vida mudasse desta maneira por causa de um irmão!
Num abrir e fechar de olhos, ele cresceu e eu fui-me habituando à deficiência dele... Ao princípio não compreendia por que motivo ele era assim e, por isso, sofri muito ao pé de certas crianças que andavam na escola, do primeiro até ao quarto ano. Sempre a gozarem comigo como se eu tivesse culpa, que os meus irmãos não fossem todos “normais”.
“Normal” é uma palavra muito forte, pois o meu irmão é normal, aliás para mim é perfeito!
À medida que fui crescendo fui gostando cada vez mais dele. Ele é para mim, o que ninguém consegue ser, ele é o “Super” mano...e acho que gosto dele de uma forma especial...
Esses anos foram um inferno! Ter de ouvir e aturar pessoas que nos chamam o género “irmã do baboso”, ou então quando sabem que tenho um irmão deficiente, simplesmente mudam de balneário ( esta situação passou-se na piscina).
A única vez que eu estive a altura de responder foi na praia. Um miúdo virou-se para o pai e disse “ ainda bem que eu não tenho um irmão daqueles” e eu respondi “Ainda bem, porque se o tivesses eu não conseguiria passar os melhores momentos da minha vida”. Custou-me muito ouvir o que o miúdo disse ao pai.
O modo como ele fala não me importa, pois, para mim, ele fala normalmente. Mas tenho de admitir que todas estas coisas, eu só as vejo desta maneira, porque ele é meu irmão. Costumo dizer que a língua dele é o “zezês”. Foi ele que criou a sua própria língua o que eu acho bastante original.
Para mim, um pequeno gesto dele, como por exemplo, chamar-me mãe, deixa-me a chorar de felicidade, pois quer dizer que eu sou especial para ele e ele mostra à sua maneira, que gosta tanto de mim como eu dele.
Graças a ele cresci, graças a ele tenho a mentalidade, a maturidade que tenho, graças a ele sou como sou. Ele para mim é muito mais que um irmão. Custa-me pensar, e tenho muito medo de pensar, como seria a minha vida sem ele.
Acho que comecei a gostar tanto dele porque perguntei e procurei saber informações de pessoas como ele, e também tentei ajudar pessoas assim ( fiz voluntariado no centro de paralesia cerebral). Felizmente tenho muitos amigos que me apoiam e me ajudam. Muitas noites chorei, mas o mais importante para mim é ter um irmão como ele que amo sem poder mais, uma paixão recheada de muito carinho.
Neste momento está ao meu lado a fazer aquelas festinhas e a dizer aquelas coisas que eu adoro! Tenho muito orgulho no mano que tenho e por ele fazia tudo! Não peço para ele ser normal porque é assim como ele é que eu vivo a grande paixão da minha vida! Por mim continuava a escrever porque tudo o que sinto por ele dava para encher mais de cem páginas. Ele é um miúdo muito querido e nunca fica triste posso dizer que me dá muita energia no meu dia-a-dia.
Sou uma irmã babada e com muitos motivos para isso!!!
AMO-TE MEU IRMÃO ZÉ! ÉS TUDO PARA MIM!
sexta-feira, 6 de junho de 2008
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